quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Nós também queremos ver o Cocó!

Manifestação no dia 27/10
Nós também queremos ver o Cocó!
Vamos todos assinar o veto popular!

Amantes da Natureza,

O movimento SOS Cocó convida todos a comparecer dia 27/10, às 10h30, no Parque do Cocó (cruzamento das avenidas Eng. Santana Jr. com Pe. Antônio Tomás) para manifestarmos o direito à paisagem e chamarmos a população para assinar o veto popular.

A manifestação contará com encenações, faixas, cartazes e rostos pintados. Tudo bem lúdico, como é marca das manifestações do movimento.

Contamos com a sua presença!

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Rios de Fortaleza e a Prefeitura

Um grande problema sócio-ambiental da cidade de Fortaleza acha-se associado às áreas de risco no entorno das planícies de inundação dos rios Cocó e Ceará. A realidade nessas áreas é drástica, para a população, que fica sujeita a enchentes, sem o mínimo de infra-estrutura sanitária, e para os rios, que têm suas águas poluídas e são estrangulados por aterros sucessivos.

Essa grave situação sócio-ambiental sempre foi objeto do movimento ecológico em Fortaleza, que há anos pleiteia uma solução para o problema, tanto no seu aspecto social quanto natural. Nesse contexto, foi com grande entusiasmo que recebemos a notícia, através da proposta de pauta da reunião de setembro do Conselho Municipal do Meio Ambiente-Comam, de intervenção da Prefeitura Municipal de Fortaleza na bacia dos rios Cocó e Ceará nessa perspectiva, através de ação organizada pelo “Projeto de Requalificação Urbana com Inclusão Social - Preurbis”. Mas, que decepção! O projeto, é verdade, prevê a retirada da população de várias áreas de risco nos vales desses rios, mas pasmem! Nada existe em termos de recuperação natural dos segmentos degradados! Ao contrário, os aterros e espaços tomados ao verde pela população de baixa renda serão objeto de obras de engenharia visando a captura de drenagem superficial e a construção de equipamentos!

Nada de desaterros, nada de instalação de vegetação ribeirinha, nada de recuperação do ambiente alterado! Serão inclusive realizados novos aterros e impermeabilizadas parcelas das áreas, exatamente o oposto do que se espera de um processo de recuperação ambiental. Qual o objetivo então, exatamente, dessa intervenção ? Pois se a área ocupada pela população vai ser “saneada’, quais os argumentos para a remoção das moradias, se não fosse o objetivo de preservação ambiental? Ou estamos apenas preparando um futuro novo calçadão para ricos no entorno dos nossos grandes rios??

E nós, que esperavamos tanto dessa gestão em termos ambientais! Mas dia-a-dia, as expectativas vão sendo substituídas por tristes decepções. A cultura ambiental da cúpula da Prefeitura demonstra com perfeição a situação desamparadora em que nos encontramos: durante a reunião do Comam, um dos secretários municipais declarou sem meias palavras que não vê problemas em aterrar áreas de preservação permanente. Outro afirmou que meio ambiente é como casa, pode ser reformado e requalificado a qualquer momento….

Talvez essa carência de cultura ambiental por parte da Prefeitura Municipal possa explicar a Avenida Juarez Barroso, que desmatou mangue no início da sua construção, ou a concessão do alvará de instalação da Torre do Iguatemi, nos limites do Parque Ecológico do Cocó, ferindo de maneira afrontosa o direito à paisagem, ou ainda a proposta de construção de pólo de esportes no pólo de lazer da Sargento Hermínio, que já conta, como o resto da cidade, com poucas opções de espaços verdes. Quando será que Fortaleza haverá de merecer a atenção de uma cultura ambiental fortalecida?. Enquanto isso, vamos perdendo, de uma forma ou de outra, as áreas de entorno dos nossos rios…

Vanda de Claudino Sales - Ambientalista e professora da UFC